Fazer da escrita um escrito é como esculpir na pedra uma forma ou pintar um quadro que toma vida e, depois, caminha por si só.
Todos que aqui trazem seu toque pessoal participam da construção de um objeto que pode, então, alcançar e produzir em outros o mesmo desejo de criar e dar nova vida a idéias, dúvidas, convicções.
É o privilégio de todo editor - e, principalmente, desta editora - ter a oportunidade de participar da criação de uma revista.
Este número reúne e se compõe das várias escritas que denunciam a pluralidade constitutiva do próprio Círculo Brasileiro de Psicanálise.
O CBP é uma federação onde a liberdade institucional ocupa o primeiro plano, permitindo que cada unidade se estruture de acordo com as particularidades de sua orientação, interesses e localização; e isto permite que se engendrem perfis e estilos - próprios e singulares - como é desejável no percurso da formação de psicanalistas que se autorizam de si.
O leitor encontrará na diversidade dos discursos de autores de diferentes orientações o fruto dessa liberdade de pensar, promovendo a possibilidade da leitura aberta e crítica, como também o desdobramento de novas produções.
Assim como Isidoro Vegh, consideramos que o valor de um escrito está naqueles que ele deflagra, pelos desdobramentos que ele provoca na forma de novos escritos.
Que se registre, mas não se estanque na rigidez da repetição. Fazer circular é o desejo que nos impulsiona no ato de reunir numa publicação a produção de um grupo que se inscreve como Círculo.
Nesta linha de pensamento, convidamos os colegas de além Círculo, Edson Luiz André de Sousa, membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre e Nadja Nara Barbosa Pinheiro, Psicanalista, Mestre e Doutora em Psicologia Clínica, Professora da Universidade Federal do Paraná para contribuir no delineamento dessa obra.
Fundamentais na realização deste número têm sido as sugestões de Carlos Perktold a quem expressamos nossa estima.
Agradecemos essas colaborações e também a do artista Chanina que a nós se une neste projeto cedendo, sem ônus, uma de suas criações para a nossa capa. Nada mais oportuno que fazer desse próprio objeto a partilha sempre profícua entre trabalho intelectual e artístico, sobretudo neste momento de lançamento deste número em meio a uma Jornada cujo tema pretende abordar todas as artes.
Esta jornada, além de promover o encontro mais íntimo entre CPB e CBP-RJ dentro de uma proposta de favorecer projetos comuns entre unidades federadas, reúne também os delegados do CBP em torno de questões institucionais, mas não só isso. A parceria entre CPB e CBP-RJ foi pensada como iniciativa, que pode inaugurar uma série de outras na medida em que fortalece as jornadas locais trazendo trabalhos de colegas de outros estados, atualizando e promovendo a circulação do saber, produzido pelo CBP.
Esta tem sido a principal preocupação da atual diretoria, permeando suas ações e investimentos: catalisar a circulação do saber e a integração das unidades.
A aposta é de que este número da revista Estudos de Psicanálise, como os que o antecederam, possa sustentar a consistência e a vocação desta publicação reafirmando o CBP como entidade ativa da produção teórica da psicanálise deste nosso tempo.