Cinema, Fantasia e Violência
Ensaio sobre "A Má Educação" de Almodóvar


Tania Rivera
Tania Rivera é psicanalista e professora do Departamento de Psicologia Clínica da Universidade de Brasília. É Doutora em Psicologia pela Université Catholique de Louvain, Bélgica, e pesquisadora bolsista do CNPq.

"O que significa o erotismo dos corpos
senão a violação do ser dos parceiros?
Uma violação limítrofe ao limiar da morte?
Limítrofe ao ato de matar?"
Georges Bataille

Palavras-Chave:
Má Educação" - Cinema - Trauma - Fantasia
Keywords:
“Bad Education” – Cinema – Trauma – Fantasy .

Resumo:
O ensaio trata do filme "A Má Educação", de Pedro Almodóvar, tecendo uma reflexão sobre a violência inerente à constituição psicossexual do sujeito. Ao mesmo tempo, ele trata da questão essencial de como a arte, e em especial o cinema, agiria sobre a subjetividade, lançando perspectivas teóricas para uma contribuição psicanalítica a respeito da questão da imagem.
Abstract:
The essay deals with the film "Bad Education", from director Pedro Almodóvar, weaving a reflection about the violence inherent to the psycho-sexual constitution of the subject. At the same time, it deals with the essential question of how art, and especially cinema, would act upon subjectivity, laying theoretical perspectives for a psychoanalytic contribution regarding the question of image.

Uma “boa educação” há tempos veio domar a sexualidade, pondo-a a serviço do amor ou, pela via oposta, fazendo do sexo uma espécie de esporte onde se trataria de ganhar ou não prazer, ou ainda acumular prazer ou parceiros, segundo a lógica capitalista. O sexual continua, porém, resistindo a tal domesticação, selvagem; ele surge em sua violência, de forma fugaz, em instantes que em geral preferimos rapidamente esquecer. Nesses momentos o desejo mostra sua face ameaçadora e o prazer revira-se em violência, escondendo mal o horror que é seu irmão siamês. Não é à toa que se fala do gozo sexual, em francês, como uma “pequena morte”.

A “má educação” de Almodóvar é nos lembrar tudo isso. Com este filme, o cineasta retoma a virulência que marcava suas primeiras obras, abandonando o melodrama que fez de Carne Trêmula (1997), Tudo Sobre Minha Mãe (1998) e Fale com Ela (2001) grandes sucessos de público. Ele afirma em sua homepage oficial que A Má Educação “é um filme noir, ou ao menos assim gosto de considerá-lo”(1). Os temas aí tratados são, sem dúvida, sombrios, o diretor lembra que “o cinema consegue converter em espetáculo o que há de pior na natureza humana e é isso o que me atrai, o pior”(2). Mas A Má Educação é um curioso filme noir multicolorido, barroco nas rasgadas referências gays e pop, que faz do par macho cínico e desiludido / femme fatale que o levará à perdição, clássico no gênero, um casal gay / travesti duplicado, em flash-back, pela dupla padre apaixonado / menino angelical. Há um crime a ser desvendado, e seu processo de desvendamento, diga-se de passagem, se equivale à feitura de um filme dentro do filme, construindo um metacinema que ensina sobre a natureza do espetáculo fílmico, ao mesmo tempo que sobre a natureza humana (e sobre o que nela há de pior, como disse o próprio Almodóvar). Mas não há perigo ou suspense em A Má Educação. Não se trata de um filme sombrio, apesar de tratar de pedofilia, chantagem, assassinato. Trata-se de uma espécie de paródia do Noir, um arremedo salpicado de citações, mas que está a mil léguas da comédia, apesar da caricata porém delicada atuação de Javier Camara como Paca (a grande amiga de Zahara).

Tal estilização extrema, ressaltada pelo barroquismo almodovariano, une-se à sobreposição de planos ficcionais, fazendo com que, no fim das contas, não haja nenhuma “realidade última” neste filme. Almodóvar seria um tanto mal-educado ao não cumprir o pacto entre realizador e público que dá origem ao cinema, o acordo tácito de que ali não se trata propriamente da realidade, mas de um “como se” fosse realidade. No jogo entre os planos narrativos, há um plano de flash-back que só se apresenta como ficção dentro da ficção, ou seja, como o que faz ver a rodagem do filme por Enrique Goded (Fele Martinez), tendo como protagonista Juan-Ángel (Gael García Bernal). Sutilmente, elementos se acavalam entre um e outro plano narrativo, subvertendo a convenção que os manteria bem distintos. As falas referentes a chantagens, por exemplo, ecoam em situações diversas, dando-nos um curioso sentimento de déjà-vu interno e externo à obra. Neste filme “nunca estamos bem certos do terreno em que nos encontramos”, como nota o crítico Peter Aspden no Financial Times(3).

A estrutura de A Má Educação, complexa, subversiva e, sem dúvida, magistral, não nos convida portanto à contemplação e participação emocional de um Fale com Ela, mas nos mantém distanciados e incômodos, razão talvez pela qual esta obra venha sendo recebida com controvérsia. O próprio diretor e roteirista faz de um “distanciamento” a tônica do filme. Sabemos que há nele elementos autobiográficos, e boa parte das declarações de Almodóvar buscam desfazer a idéia de se tratar de uma autobiografia, apesar de ele afirmar ter concebido algumas cenas a partir vivências de colegas a ele relatadas quando interno em um seminário. Foram necessários dez anos de trabalho intermitente sobre o roteiro para que ele tomasse distância em relação a suas próprias vivências e “tratasse a obra como se não pertencesse”, diz ele, “ao meu mundo, de forma que eu pudesse abordá-la integralmente como ficção”(4). Mas ele nos desnorteia mais uma vez, ao citar o escritor espanhol Paco Umbral: “Tudo o que não é autobiografia é plagio”(5).

Entre plágio e autobiografia, é de notar que o próprio Almodóvar cantava em seus tempos de colégio e afirmou em entrevista concedida a Frédéric Strauss, publicada em livro em 1994, que muitas vezes foi o escolhido por algum padre de seu colégio para celebrar uma missa a dois, prática segundo ele comum entre os salesianos. “Esta missa se convertia assim, para o padre, em um ato noturno, secreto, íntimo. A criança podia não perceber mas tudo se passava como se o padre lhe dissesse: 'eu celebro esta missa para você'”(6). Uma cena onde uma missa desse tipo se realiza já havia aparecido em A Lei do Desejo (1986), antes de A Má Educação. Mas talvez não importe muito, como defende o diretor, se tratar ou não de sua vida real. O mais importante é que isso possa deter alguma verdade. Afinal o cinema, nota Almodóvar, “é uma representação em todos os aspectos do termo, é através dessa representação que eu chego à verdade da realidade”(7). Que se chegue a alguma verdade, a partir de uma assumida e reafirmada representação: tal é a condição para que o cinema “funcione”, ou seja, nos atinja, seja gerando elogios ou controvérsias, ou até mesmo críticas. A verdade, como tanto afirma Lacan, tem uma estrutura de ficção – e não é a ela que buscamos, à nossa verdade, quando vamos ao cinema?

Querendo matar o tempo enquanto levam Ignácio à morte graças a uma bela dose de heroína de pureza assassina, Juan e o Sr. Berenguer vão assistir a uma mostra de filmes noir. Ao deixar a sala de cinema, Berenguer comenta: “Parece que todos esses filmes falam de nós”. Será que La Mala Educación fala de nós? Essa é a terrível pergunta que o filme nos lança. Ou falaria ele apenas do passado de um diretor de cinema, portanto de um só homem, ou de uma só questão, a da pedofilia, ou ainda a da homossexualidade, ou ainda da perversidade que levaria alguém a matar o próprio irmão?

A Má Educação fala do sexual em toda sua violência, do erotismo conjugado à morte a que aludi há pouco com Bataille – sem dúvida influenciado por Freud, que aponta essa terrível conjunção antes e melhor do que ninguém, com sua revolucionária pulsão de morte (8). O filme denuncia que nunca estamos totalmente prontos para suportar o que o sexo aponta de mortífero, e que o erotismo carrega uma potência traumática que tratamos de neutralizar em nosso dia-a-dia. Mostra que o sexo gira em torno de um ponto insondável e terrível que não podemos abordar senão através da ficção, e que uma dessas ficções fundamentais que nos constituem, de forma recôndita, e que a psicanálise denomina fantasias, é a fantasia de sedução. A cena de sedução da criança por um adulto dá conta do enigma da origem do sexual e é violenta por definição, pois deixa no corpo uma marca de gozo – seja ela claramente subjugante, quando o adulto, professor ou padre, abusa de seu poder para fazer da criança seu objeto sexual, seja ela amorosa, quando o adulto que dela cuida lhe faz sua higiene íntima, por exemplo, como já notava Freud (9). A sexualidade vem do outro, e divide o sujeito. A entrada deste na linguagem já é traumática per se, como sabemos, ao instaurar esse campo de gozo e de opacidade à significação que o outro, inconscientemente, porta e veicula.

“Eu o amava”, diz o padre Manolo a Zahara referindo-se a Ignácio. Ao que Juan-Zahara-Ignácio responde: “A um menino de dez anos não se ama, dele se abusa”. De fato. Esse amor sexual é traumático para a criança, ele a fere e divide, como mostra espetacularmente Almodóvar ao fazer cair o menino acossado pela paixão do padre, sangrando na fronte e literalmente se dividindo então, cortado pelo vermelho-sangue que escorre por seu rosto. “O que significa o erotismo dos corpos senão a violação do ser dos parceiros”, já perguntava Bataille (10). A inocência divina de Ignácio que faz dele a imagem por excelência do filme então se perde, ele se dividirá a partir daí em travesti, Ignácio-Zahara, Juan, Ángel. Anjo caído.

O menino Ignácio, sexualmente despertado pelo desejo do outro, se entregará então a Manolo espontaneamente, numa atitude dúbia que visaria proteger seu objeto de amor, Enrique. Ignácio se deixará abusar como a moça que, na poderosa imagem que fecha o filme encantando a Enrique, se atira aos crocodilos e se abraça a um deles, sem soltar um pio até ser inteiramente devorada. O erotismo envolve uma “violação limítrofe ao limiar da morte”, como já dissemos com Bataille (11). Ignácio deixou de ser um anjo cantor e caiu para reencarnar, por fim, em Juan como anjo exterminador (12). Violação, como conclui ainda Bataille, “limítrofe ao ato de matar” (13).

Também em Fale com Ela trata-se do sexo como violação, estupro. A bela e jovem Alicia (Leonor Watling) encarna uma inocência suprema não sem volúpia, tão bela quanto adormecida em seu leito. Em torno dessa imagem gira todo o melodrama, e por ela se seduz Benigno (Javier Camara), que a engravidará e em conseqüência disso terminará, sem saber, salvando-a do coma. Ali o estupro salva, enquanto aqui a investida pedófila leva a um destino de sofrimento que culmina com a morte, o assassinato. Mas em ambos se encena, faz espetáculo, uma imagem arrebatadora. Em Fale com Ela essa imagem é a da moça adormecida que nos seduz e com quem devemos falar para não sermos tragados, para que não penetremos nela e em seu corpo nos percamos como acontece no pequeno trecho de cinema mudo dentro do filme, o “Amante Minguante” que nos apresenta Almodóvar.

Em A Má Educação, é a imagem de Ignácio menino angelical que nos comove e que se perpetua depois de sua perda, à maneira da notícia de jornal que Enrique lê para seu assistente na abertura do filme: um rapaz morre de frio em plena Nacional 4, e continua estranhamente a rodar por mais de 90 kilômetros, até ser detido por policiais. De fato, em Juan-Ángel a imagem de Ignácio se prorroga para Enrique, não sem estranheza, até a revelação de sua “verdadeira” identidade. Mas também, e sobretudo, se prolonga pela própria realização do filme por Enrique, que faz da recordação perdida desse amor infantil, enfim, imagem, espetáculo. Fazendo-se cena, à maneira da fantasia pela qual nossa realidade se constitui com estrutura de ficção, algo fundamental à nossa própria constituição é recoberto e denunciado ao mesmo tempo: a nossa própria ferida, nossa própria queda, nossa própria perda diante da intrusão do desejo do outro sobre nós.

Essa violência do sexo é aí um tanto recoberta, já que o filme acentua seu caráter de representação e carrega em elementos estilísticos, fugindo de uma abordagem naturalista. Mas isso permite, paradoxalmente, que Almodóvar apresente da forma mais crua possível a sedução, armando, pela própria construção subversiva do filme, a armadilha em que acabamos por cair, quando nos falta o firme chão que delimita com segurança o mundo da fantasia daquele da realidade. Caímos e isso nos divide como a imagem de Ignácio partido de que falei há pouco. A cena, de perto, não é tão crua assim: não a vemos, propriamente, pois a câmara efetua um giro e enfoca apenas o arbusto atrás do qual se passa a investida do padre sobre Ignácio. O cinema sabe, como Lacan, que “o olho é feito para não ver” (14). Não vemos portanto o que se passa, mas ouvimos algo: o menino continua cantando enquanto o violão deixa de acompanhá-lo, grita “não” e se põe a correr para enfim cair com a fronte sobre uma pedra. Não vemos, mas vivemos esta cena – graças ao chamado desta bela voz infantil – pois devemos completá-la com nossa própria fantasia.

O cinema, podendo fazer jogo entre olhar e voz, pode apresentar-nos de forma privilegiada o objeto a, que faz par com o Sujeito dividido, ao dele se separar, voltando a dividi-lo e, ao mesmo tempo, cristalizando a relação entre ambos na fórmula da fantasia, S barrado punção de a. É nessa conjugação disjunta entre sujeito e objeto, onde entre eles há punção – algo punge, ameaça ferir – que talvez resida o que Lacan aponta, enigmaticamente, quando afirma se tratar da imagem no que há de “irredutível” ao objeto a (15). A imagem, como nos mostra por vezes o cinema, não apazigua apenas, sob o poder unificador do imaginário, mas convida o corpo à violência do gozo. Falando do objeto a, nomeadamente o olhar e a voz, Lacan nota que eles “fazem corpo com esta divisão do sujeito e presentificam no próprio campo do percebido a parte suprimida como propriamente libidinal” (16). O olho não vê, pois isso de que se trata é irrepresentável, mas nos punge, convocando (com-vocando, invocando, pela voz) então nossa fantasia, chamando-nos como sujeito a remontá-la – ou, eventualmente, convidando-nos até a, pontualmente, atravessá-la?

A educação pelo mal está em nós consumada, com A Má Educação, e só nos resta refantasiá-la, travesti-la novamente, com ou sem Almodóvar. Falar disso de que trata este filme, portanto, obriga cada um de nós a falar de si, atravessado por ela como se diz de algo que “ficou atravessado na garganta”. Como nota astutamente o diretor, “há algumas coisas, como o desejo, das quais não se pode falar senão partindo e falando de si mesmo” (17).

Notas
1- http://www.clubcultura.com/clubcine/clubcineastas/almodovar/malaeducacion/comentarios, retirado da web em 08/12/2004. A autora traduz esta e as demais citações.
2- Citado por Barbosa, N., "Má Educação", in Cineweb (http:www.cineweb.com.br/em cartaz/emcartaz.asp?idfilme=1278, retirado da web em 08/12/2004).
3- ASPDEN, P., "Lessons in a Forbidden Passion", in Financial Times, Londres, 20 de maio de 2004, p. 10 (Arts).
4- Citado por Strauss, B., "Má Educação, a Escola do Escândalo de Almodóvar", in http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/outros/2004/12/05/ult586u206.jhtm (tradução de artigo publicado no The New York Times).
5- ALMODÓVAR, P., "Autoentrevista", in http://www.clubcultura.com/clubcine/clubcineastas/almodovar/malaeducacion/esp_auto.htm, retirado da web em 08/12/2004.
6- Pedro Almodóvar. Conversations avec Frédéric Strauss, s/l, Editions de L'Étoile/Cahiers du Cinéma, 1994, p. 46.
7- Id., p. 75.
8- Cf. FREUD, S. Além do Princípio de Prazer (1920). In: Edição Standard Brasileira das Obras Completas de (ESB), Rio de Janeiro: Imago, 1976, v. XVIII, p. 13-85.
9- Cf., por exemplo, Freud, S. Sexualidade Feminina (1931). In: ESB, v. XXI, p. 267 e 275.
10- Bataille, G., O Erotismo. Ensaio. São Paulo: Arx, 2004, p. 28.
11- Bataille, G., ibidem
12- Como nota finamente Ángel Fernandez Santos em sua crítica "La Perversidad del Ángel" (in El País, Madrid, 19 de maio de 2004, p. 52 (Espectáculos)).
13- BATAILLE, G., ibidem.
14- LACAN, J. Maurice Merleau-Ponty (1961). In: Autres Écrits, Paris: Seuil, 2001, p. 183.

Bibliografia
ALMODÓVAR, P. e STRAUSS, F. Pedro Almodóvar. Conversations avec Frédéric Strauss, s/l: Editions de L'Étoile/Cahiers du Cinéma, 1994.
ALMODÓVAR, P., Autoentrevista. In http://www.clubcultura.com/clubcine/clubcineastas/almodovar/malaeducacion/esp_auto.htm (acessado em 08/12/2004).
ALMODÓVAR, P. Comentarios sobre La Mala Educación. In
http://www.clubcultura.com/clubcine/clubcineastas/almodovar/malaeducacion/comentarios, (acessado em 08/12/2004).
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